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Escola de Mira e DREC “ofereceram” vaga a vereadora
Uma vereadora do PSD da Câmara de Mira vai ocupar uma vaga para o ensino especial na Escola Secundária local. Sem concurso.
O conselho executivo confirma a sua proposta à DREC. Uma professora do ensino básico mas especializada no ensino especial, com anos de docência nesta área em várias instituições (CERCIS), está indignada com a Escola Secundária de Mira, que, disse ontem ao nosso Jornal, preencheu uma vaga naquele estabelecimento de ensino «por convite a uma pessoa de Mira».
A referida professora, que pretende manter o anonimato, diz ter tido conhecimento «por uma colega de profissão» de uma vaga para o ensino especial naquela escola de Mira. Resolveu candidatar-se e, por isso, foi à escola fazer a inscrição. «Fiquei incrédula!», conta, afirmando que na secundária de Mira lhe comunicaram «que a vaga para o ensino especial iria ser preenchido por uma pessoa de Mira, mas por convite». Mais, esta docente, depois de perguntar como é que era possível preencher a vaga «sem haver um concurso, sem uma publicação», garante que na própria escola lhe disserem «para estar muito caladinha para não haver problemas».«Mas onde estamos nós?», questiona esta professora, indignadíssima, quando soube que a referida vaga vai ser preenchida «por uma vereadora da Câmara de Mira», mais concretamente do PSD [Lurdes Mesquita], que lecciona num estabelecimento de ensino de Tábua, «que não tem formação e experiência nesta área de ensino».
Por isso a docente pergunta: «não há ilegalidade neste processo?; o candidato não tem de ter experiência e ser habi-litado para as funções que vai desempenhar?».Considerando que houve «algo mais que uma simples colocação» de um professor», a docente considera que a situação «é grave de mais para ser verdade», e que o mesmo tem de ser esclarecido «pelas autoridades superiores», afiançando que vai denunciar este caso «ao primeiro-ministro, ao Ministério da Educação e à Direcção Regional de Educação».
Dizendo que «não se fala noutra coisa em Mira», e afirmando estar «com medo» devido à ameaça que lhe fizeram na secundária de lhe «estragarem a vida», a docente diz que «isto não passa de uma jogada», explicando os contornos. «A tal vaga é para uma vereadora do PSD; o presidente do conselho executivo também é do PSD; dois destacados membros deste partido (indicou os nomes) dão-se muitíssimo bem com a tal vereadora, e estes pediram a um elemento da DREC (também mencionou o nome), igualmente do PSD, para orientar esta questão à senhora que estava a dar aulas em Tábua».
Contradições
O Diário de Coimbra colocou esta questão suscitada pela referida professora ao presidente do Conselho Executivo da Secundária de Mira, e Fernando Rovira confirmou ter proposto o nome da vereadora da Câmara de Mira à DREC. Este responsável, no entanto, não soube explicar como é que Lurdes Mesquita soube da vaga aberta no estabelecimento de ensino.
De acordo com Fernando Rovira, o conselho executivo recebeu informação via “fax” da DREC «no dia 15 de Setembro, sexta-feira», a propor a referida vaga para o ensino especial; e que a escola devia «indicar um nome até ao dia 18, segunda-feira».Aqui é que parece estar o “enredo” desta alegada irregularidade. Como é que Lurdes Mesquita soube, durante um fim-de-semana (dias 16 e 17 de Setembro, sábado e domingo, um dia depois da escola abrir a vaga, sexta-feira 15), e ter ido na segunda-feira seguinte, dia 18, candidatar-se ao lugar, quando outras professoras - e a que denunciou o caso - não tiveram acesso a essa informação?.«Não sei! O que sei é que essa professora foi a primeira que apareceu e por isso foi a que apresentámos à DREC. A proposta é, realmente, nossa [da escola] mas a decisão foi da DREC», disse Fernando Rovira, descartando responsabilidades, confirmando que a professora proposta é, efectivamente, «uma vereadora da Câmara de Mira», recusando confirmar o seu nome.O Diário de Coimbra falou também com a vereadora Lurdes Mesquita, a professora indicada pela secundária de Mira à DREC para ocupar o lugar aberto no ensino especial, e esta começou por dizer que vai, provavelmente, «iniciar funções quarta-feira (amanhã)».
Questionada se conseguiu o lugar através de um concurso, Lurdes Mesquita foi peremptória: «Sim, concorri e fui seleccionada» , entendendo que o que se passou foi um concurso. Mas, ressalvou, não «comento procedimentos do Ministério da Educação».
Diário de Coimbra, 25 Setembro
1 Bocas:
Enfim. Já nos vamos habituando as estas coisas! E o pior é que deve haver mtas situações que nunca vêm a público.
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